No meio do gramado, Renato Portaluppi vai ao encontro de seus jogadores, um a um.
Abraça, fala ao pé do ouvido, sorri. Encontra o seu braço direito, Alexandre Mendes, e repete o gesto. Recebe o carinho do preparador de goleiros Rogério Godoy. Depois, calmamente, balança uma bandeira do Grêmio e a coloca sobre os ombros, como uma capa. A capa do super-herói idealizado e idolatrado pelos gremistas.
O treinador foi o centro das atenções na vitória por 3 a 0 sobre o Brasil de Pelotas neste domingo, no Bento Freitas, que deu ao Grêmio o 37º título gaúcho e acabou com um jejum de sete anos sem títulos estaduais. A taça estava ali a alguns passos, mas o que importava mesmo era o que estava na cabeça do técnico: a resposta para a pergunta se ficava no Grêmio ou se aceitava o convite do Flamengo.
O “fico” ainda não havia sido dado neste momento, quando Renato se envolveu nas cores do clube. Voou, levantado pelos jogadores, e ouviu os gritos da torcida para que ficasse, se não eternamente, pelo menos até o final do ano. Após o primeiro festejo, reuniu o grupo para a reza. Uma roda, Renato ao centro, olhos fechados e orações. Muitos gremistas, certamente, pediam a permanência dele. Havia um quê de despedida no ar, o que não ocorreu, claro. Mas até ali só Renato e a diretoria sabiam.
“O céu é o limite”
A permanência de Renato tornou-se fato maior que o título gaúcho. Antes do anúncio, quase todas as perguntas aos jogadores eram sobre a sequência ou não do ídolo no comando. A torcida suplicou durante e depois o jogo com gritos de “fica, Renato”. A química com o elenco contou muito na decisão. A ponto de o treinador, em sua manifestação, usar um palavrão para qualificar o grupo, algo incomum para ele, sempre polido.